Diretor do 'Avante!' lamenta "perda irreparável"
"A morte do Urbano é uma perda irreparável para a cultura portuguesa. O Urbano é uma figura maior da literatura portuguesa, autor de uma vasta obra literária, romance, novela, conto, ensaio, viagens", disse José Casanova à Agência Lusa.
O diretor do órgão central do PCP sublinhou que a obra do escritor está marcada pelos "valores da liberdade, da justiça social, da solidariedade, da fraternidade", "sempre o respeito e a valorização de todos os direitos a que todo o ser humano tem direito".
José Casanova disse que esses foram "os valores humanos" que nortearam a vida de Urbano Tavares Rodrigues "quer no tempo do fascismo, e ele integrou em pleno a resistência ao fascismo, quer depois do 25 de abril".
"A morte do Urbano é a perda de um nome grande da nossa literatura, da nossa vida política, da nossa vida de intervenção em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo", afirmou.
"Para nós, comunistas, a morte do Urbano é também a perda de um camarada, de um amigo, que muito estimamos e admiramos e que permanecerá na nossa memória como referência marcante", declarou.
O escritor Urbano Tavares Rodrigues morreu esta madrugada, aos 89 anos.
Urbano Tavares Rodrigues, escritor, jornalista, militante do Partido Comunista, nasceu a 08 de dezembro de 1923 e tinha completado recentemente 60 anos de vida literária.
Enquanto jornalista, trabalhou no Diário de Notícias (no qual entrou em 1946), Diário de Lisboa, Artes e Letras, Jornal do Comércio e O Século, entre outros órgãos, e enquanto escritor assinou uma obra em que quase sempre expressou preocupações sociais e políticas.
Preso pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) em 1963 e 1968, usou o segundo período de clausura para escrever "Contos de Solidão", que passou clandestinamente para o exterior. Apesar da intensa atividade na oposição, só em 1969 Urbano Tavares Rodrigues se filiou no PCP, pelo qual chegou a ser eleito deputado, embora não tenha aceitado exercer o mandato.
Urbano Tavares Rodrigues foi distinguido com os galardões literários da Associação Internacional de Críticos Literários e da Imprensa Cultural, bem como com os prémios Ricardo Malheiros, Aquilino Ribeiro, Fernando Namora, Jacinto do Prado Coelho, Camilo Castelo Branco e o consagrado Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (2003).